sábado, 20 de novembro de 2010

Apenas Ele

Não havia mais nada ali além de pó. O tempo e suas intempéries levaram embora tudo que poderia algum dia voltar a ser algo belo e consistente. Uma meia-luz sobre a escrivaninha identificava um velho caderno escrito a mão. Para onde o velho senhor Sem Nome teria ido? Sempre tive um pouco de pena dele, era tão só! Ninguém conhecia sua história, ninguém sabia quem ele era realmente. Na verdade, ninguém nunca quis saber. Caminhei por entre os móveis e peguei o velho caderno. Na capa estava escrito: “ Meu Mundo”, comecei a desvendar esse mundo e em pouco não conseguia parar de lê-lo. Sete horas haviam se passado e eu já estava perto do fim. Finalmente, eu sabia quem era aquele homem.

Pouco a pouco, ele foi percebendo que as pessoas lhe davam sono! Eram tão mediocremente e inocentemente rasas que sua mente se tornava incompatível com as deles. Ele realmente não se achava superior aos demais, porém, não conseguia disfarçar sua falta de interesse. No entanto, cada vez mais que ele se esforçava para ser igual, para remover suas arestas ele se diminuía, se transformava lentamente numa cópia de todos os seus repúdios. Mas, por que ele fazia isso?

Ele realmente não sabia! Talvez, essa fosse sua maior tristeza. Será que o amariam depois que ele se desfizesse em camadas? Será que seria mais fácil se ele fosse sua essência? Talvez, não estejam preparados para saber de tudo! Os rasos, não conseguem compreender a profundidade e a apelidam de insanidade. Lei da Selva? Melhor esconder-se para evitar a extinção!

Ele passou a criar um mundo só seu, entrava cada vez mais em suas histórias, tornava-se amigo de seus personagens. Os criava e, a partir de então, se tornava seu dono, senhor de seu destino. E cada vez mais o poder lhe surgia irresistível. O mundo passou a ficar mais SEU. Ele criava, ele mandava. Era feliz vivendo a ilusão do espelho. Faltavam apenas duas folhas no caderno. O que ele faria da vida depois que seu mundo acabasse?

Na penúltima página, ele decidiu entrar na história. Todos dizem que no fim tudo é mais bonito, não é mesmo? Tudo se ajeita! Ali, tão perto do fim, ele fez os amigos que tanto esperou.

Sumiu antes do fim para entrar na eternidade.

Interjeições interrogativas

Qual o melhor lugar para enterrarmos nossos medos mais secretos?
Como fugir dessa objetividade do dia a dia e da mente rasas dos outros?
Como explicar que um riso nem sempre representa felicidade
e que um beijo no rosto quer mais do que amizade?

Como fazer que acreditem que o dia pode nascer de uma outra cor
e que as pessoas devem sempre prestar atenção para esse novo dia?
Como fazer com que percebam que cada dia vale a pena e que só você pode mudar o dia a cada dia?

Como fazer as pessoas repararem que acima do céu escuro da noite há uma lua azul, há um céu estrelado que as pessoas nem ao menos se dão conta, afinal, está na hora de dormir?

Como conseguir implantar nas mentes que somente uma palavra pode mudar uma vida?
Como fazer com que entendam o que se pensa, sem que, para isso, se precise falar...
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