Detesto essa nostalgia que por diversas vezes me acomete
Detesto esse sentimento de passado essa vontade de revirar as gavetas e procurar nesgas de lembranças que me façam transportar para um momento, um breve momento que nunca, nunca mais voltará. Detesto olhar velhas fotos e tentar adivinhar o que acontece, o que se está fazendo e o que houve de errado. Talvez, seja por isso que deteste mais, porque não há erro, não há culpados.
Simplesmente o implacável e fabuloso senhor tempo agindo na roda da vida sem que eu possa parar para me despedir ou para rever. Mas, por qual motivo coisas que já passaram doem tanto? Se já passaram, não deveriam causar mais tanto pesar, deveriam ser apenas lembranças fugazes. Acho que eu tenho mais saudade é do futuro! O que é por si anacrônico e atemporal. Como são egoístas e frágeis, os humanos! Vivem essa eterna sina de Prometeu por terem roubado o fogo do Olimpo, imortais condenados a serem consumidos vivos por pássaros durante o dia e terem o corpo reconstruído à noite, para começar tudo outra vez durante toda a breve eternidade de suas vidas. É a isso que eu comparo a palavra saudade, triste sina....
“Eu não queria que nada exterior influenciasse minha vida. Sempre fui independente, sempre fui meu próprio senhor. Naquele momento,[..] tive um estranho sentimento de que o destino havia guardado para mim alegrias e tristezas intensas.”
Oscar Wilde in O Retrato de Dorian Gray