sábado, 28 de maio de 2011

Entre a cruz e o Machado

Para onde foi toda a minha corte?
Onde estão meus súditos?
O castelo está vazio.
Na mesa de pedra fotografias em preto-e-branco.
Bonitas fotos, tristes sorrisos.
Eu sou um rei sem reino
Que no reino não mando nada.
Já ouvira isso em algum lugar.

Onde fica o mapa de Pasárgada?
Ah, eu não conheço o rei.
Onde está o pó de pirimpimpim?
Não há fadas para me fazerem voar,
Não há ninguém.
Vai ser gauche sozinho!

Na janela da torre vejo pessoas andando
Eu grito por elas, mas ninguém me ouve
Eu poderia pular, será que doeria muito?
Será que eu voaria?

Na mesa, cartas escritas à minha solidão.
-Lorde Gray, o senhor deseja mais chá?
Sua pintura não se modificou.
E agora, José? O fogo apagou!

O espelho psiqué me revelou mais uma vez
que mesmo nessa torre sem ponteiros, o tempo passa
Pronto, passado.
Na verdade, acho que vivo no passado.

Só agora te entendo, doce Ismália.
É muito triste ser o único a ver o fogo arder
Sentir a ferida que dói
E não contentar-se de estar contente.
E ninguém ver o enterro de nossa última quimera

Essa minha morte e vida severina.
O peso dessa mão que afaga e que apedreja,
Dessa terra sem sabiás,
De heróis sem nenhum caráter,
onde se deve disfarçar os olhos de ressaca
e fingir que é dor a dor que deveras sente!

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