sábado, 28 de maio de 2011

Funesto Ignoto está morto

     Há muito tempo que venho querendo cometer esse crime e não sabia bem por onde começar. Na verdade, ainda não sei. Fazia tempo que ele vinha me incomodando.
Tudo começou com uma tentativa de defesa por ver o mundo de forma diferente. Um mundo repleto de incertezas, dúvidas e abalos que davam grande inspiração para dizer bonitas palavras de repulsa ou de amor. Mas, tudo mudou. Talvez, o mundo continue o mesmo. Ainda existem os mesmos elementos, porém, não mais, no meu mundo.
    Minha vida deu tantas reviravoltas que ser o Funesto Ignoto se tornou algo pesado e difícil. Por mais que eu tentasse forçar a barra e pensar como ele ficava mais evidente que nós decidimos trilhar caminhos diferentes.
     Funesto se tornou diferente de mim e eu já havia percebido isso há vários dias. Eu só me dei conta disso quando vimos a morte de perto. Eu tremi, sofri, chorei. Ele se recarregou perante sua criadora. Morrer só é bonito metaforicamente!
Me desculpem as linhas bagunçadas, mas quem nunca assassinou alguém não vai me entender, principalmente, quando se está matando a si mesmo. Nunca pensei que se matar fosse tão difícil. Matar um personagem é suicídio?
     Eu estava realmente disposto a matá-lo quando olhei profundamente em seus olhos. Eram os meus! Era meu rosto, era eu. Foi então que percebi que ainda éramos os mesmos. Não aceitar sua evolução seria muito egoísmo da minha parte, considerando todas as vezes que o deixei sozinho.
     Fizemos as pazes, por enquanto.
    Nosso acordo de cavalheiros estabelece que eu falarei quando sentir vontade e da forma que sentir vontade. Mesmo que fiquem ruins! Ele costura para dentro, mas eu tenho a necessidade de coser para fora.
     E assim, vamos vivendo nossa simbiose estranha.

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